sábado, 12 de abril de 2014

Primeiro mês na Australia

Um pouco sobre saudades, escola, trabalho, amizades, brasileiros, turismo, moradia, locomoção e a praia.

Já faz um mês que estou na Australia e passei por muitos sentimentos neste curto período. O maior é o psicológico da distância que potencializa os sentimentos.

Parece que a saudade fica maior. A frequência que visitava minha família era mensal, mas este mês aqui parece que foi muito maior só pela distancia. Chego a sonhar com minha família, amigos, sobrinha... Esta parte é a que todos reclamam e faz com que a grande maioria volte para o Brasil.

Sobre a escola, agora já não quero mais matar o professor, mas apenas quebrar a perna dele. Brincadeiras a parte, já passou a fase do estranhamento e as coisas estão se encaixando. Não chorei mais na classe e parei de olhar com a cara feia para o professor. Teve um dia que precisava levar comida e música de seu país e eu toquei Carinhoso na flauta e não é que eu fiz as pazes com o professor? Ele até pediu para eu tocar depois para a turma que estava se formando.  Nada que a música não se incuba de resolver J.

Quanto ao trabalho, e cada dia tem sido desafiador e um pouco melhor. No início entendia apenas 30% do que era dito no escritório. Agora já entendo 40%! Hehehe. Ainda sinto frio na barriga e o trabalho mais difícil que eu tenho que realizar não é fechar contratos, negociar mídia ou analisar propostas, fazer invoices e organizar documentos, mas é simplesmente atender cliente no telefone! Eu quero morrer quando preciso ajudar a telefonista nos minutos de pico a agendar shuttle do hotel para o aeroporto. É muito difícil entender o sotaque de cada um e para mim este é o ponto que quero desenvolver nesta empresa: atender telefone! Simples quanto isso. Cheguei inclusive a perder uma cliente que desligou o telefone na minha cara pois eu não entendia o que ela falava! Um desastre para mim e para a companhia.
Outro dia o dono da empresa pediu que não falasse mais ao telefone e gritou: “You need to improve your English! You need to improve your English!!!” Mas o gerente me requisita e eu faço mesmo assim só de vez em quando, pois eu quero “improve my English”.

Quanto as amizades... é muito difícil não conviver com brasileiro. O conselho de praticamente 100% das pessoas é: não fique com brasileiros, mas eu digo para atirar a primeira pedra quem consegue esta proeza. Eu encontro brasileiros na praia, na dança, no bairro, no supermercado, na escola, nos cursos de trabalho, lojas, em tudo quanto é lugar, e a gente se reconhece. O que tenho feito é buscar inserir amigos australianos, europeus, asiáticos no meu convívio para que a conversa obrigue a ser em inglês. Algo que também tenho feito é falar em inglês com brasileiros, mas não é sempre e exige muita disciplina.

Sobre turismo, minha expectativa quando cheguei aqui era conhecer este pedaço por inteiro mas se passou um mês e só consegui conhecer o meu quadrado e este já está bem difícil explorar pois agora só tenho o final de semana e este também é bastante corrido.  Mas estou com uma pulga enorme de curiosidade para desbravar este país.

Falando sobre a moradia, dei sorte em encontrar algo bacana logo de cara. Normalmente as pessoas se mudam bastante no início.  Divido o apartamento com mais 5 pessoas (sim, brasileiros!) e temos escala para tudo. Por mais que esteja trabalhando e estudando longe, estou adorando morar em Manly. É um privilégio estar do lado do paraíso.

Quanto a locomoção, para mim está sendo um pouco desgastante pois chego a gastar quase 4 horas por dia me locomovendo da minha casa para a escola e trabalho. Isso quando não resolvo ir para outro lugar depois do trabalho. Mas fazendo o balanço, ainda compensa morar no paraíso e para minimizar o tempo de locomoção, tenho aproveitado para ler, estudar inglês, falar ao telefone, ler e-mails e acessar rede social.  

Agora falando do paraíso na terra, procuro sempre dar uma passada de manhã e a tarde para correr, caminhar, fazer exercício ou nadar. Comprei uma máscara e um snorkel e tenho visto coisas incríveis em Sherly Beach: peixe branco, transparente, garoupa maior que 30 cm, corais, plantas, etc. É um mundo a parte e com um eco-sistema totalmente desconhecido por mim. Meu espírito de Felícia de apertar e tocar em tudo o que eu vejo fica contido pois afinal de contas não esqueço que estou no lugar com os bichos mais perigosos do planeta e até um peixe (stone fish) ou um coral podem ser fatal.
Também tenho me provocado a entrar na água, mesmo ela sendo congelante para o meu gosto. Se todo mundo entra aqui com a maior naturalidade, porque é que eu não irei entrar??? Neste quesito eu nem penso muito para não desistir e fico na água o quanto aguento.


E o balanço deste primeiro mês é que se eu tivesse que voltar hoje para o Brasil, já terá valido a pena. E o que vier a mais é puro lucro. Que venham os próximos meses...