Um pouco sobre saudades, escola, trabalho, amizades, brasileiros, turismo, moradia, locomoção e a praia.
Já faz
um mês que estou na Australia e passei por muitos sentimentos neste curto
período. O maior é o psicológico da distância que potencializa os sentimentos.
Parece
que a saudade fica maior. A frequência
que visitava minha família era mensal, mas este mês aqui parece que foi muito
maior só pela distancia. Chego a sonhar com minha família, amigos, sobrinha... Esta
parte é a que todos reclamam e faz com que a grande maioria volte para o Brasil.
Sobre
a escola, agora já não quero mais
matar o professor, mas apenas quebrar a perna dele. Brincadeiras a parte, já
passou a fase do estranhamento e as coisas estão se encaixando. Não chorei mais na classe e parei de olhar com a cara feia para o professor. Teve um dia que
precisava levar comida e música de seu país e eu toquei Carinhoso na flauta e
não é que eu fiz as pazes com o professor? Ele até pediu para eu tocar depois
para a turma que estava se formando. Nada que a música não se incuba de resolver J.
Quanto
ao trabalho, e cada dia tem sido
desafiador e um pouco melhor. No início entendia apenas 30% do que era dito no
escritório. Agora já entendo 40%! Hehehe. Ainda sinto frio na barriga e o
trabalho mais difícil que eu tenho que realizar não é fechar contratos,
negociar mídia ou analisar propostas, fazer invoices e organizar documentos,
mas é simplesmente atender cliente no telefone! Eu quero morrer quando preciso
ajudar a telefonista nos minutos de pico a agendar shuttle do hotel para o
aeroporto. É muito difícil entender o sotaque de cada um e para mim este é o
ponto que quero desenvolver nesta empresa: atender telefone! Simples quanto
isso. Cheguei inclusive a perder uma cliente que desligou o telefone na minha
cara pois eu não entendia o que ela falava! Um desastre para mim e para a
companhia.
Outro
dia o dono da empresa pediu que não falasse mais ao telefone e gritou: “You
need to improve your English! You need to improve your English!!!” Mas o
gerente me requisita e eu faço mesmo assim só de vez em quando, pois eu quero “improve
my English”.
Quanto
as amizades... é muito difícil não
conviver com brasileiro. O conselho de praticamente 100% das pessoas é: não
fique com brasileiros, mas eu digo para atirar a primeira pedra quem consegue esta
proeza. Eu encontro brasileiros na praia, na dança, no bairro, no supermercado,
na escola, nos cursos de trabalho, lojas, em tudo quanto é lugar, e a gente se
reconhece. O que tenho feito é buscar inserir amigos australianos, europeus, asiáticos no
meu convívio para que a conversa obrigue a ser em inglês. Algo que também tenho
feito é falar em inglês com brasileiros, mas não é sempre e exige muita
disciplina.
Sobre
turismo, minha expectativa quando
cheguei aqui era conhecer este pedaço por inteiro mas se passou um mês e só
consegui conhecer o meu quadrado e este já está bem difícil explorar pois agora
só tenho o final de semana e este também é bastante corrido. Mas estou com uma pulga enorme de curiosidade
para desbravar este país.
Falando
sobre a moradia, dei sorte em
encontrar algo bacana logo de cara. Normalmente as pessoas se mudam bastante no
início. Divido o apartamento com mais 5
pessoas (sim, brasileiros!) e temos escala para tudo. Por mais que esteja
trabalhando e estudando longe, estou adorando morar em Manly. É um privilégio
estar do lado do paraíso.
Quanto
a locomoção, para mim está sendo um
pouco desgastante pois chego a gastar quase 4 horas por dia me locomovendo da
minha casa para a escola e trabalho. Isso quando não resolvo ir para outro
lugar depois do trabalho. Mas fazendo o balanço, ainda compensa morar no
paraíso e para minimizar o tempo de locomoção, tenho aproveitado para ler,
estudar inglês, falar ao telefone, ler e-mails e acessar rede social.
Agora
falando do paraíso na terra, procuro sempre dar uma passada de manhã e a tarde para
correr, caminhar, fazer exercício ou nadar. Comprei uma máscara e um snorkel e
tenho visto coisas incríveis em Sherly Beach: peixe branco, transparente, garoupa
maior que 30 cm, corais, plantas, etc. É um mundo a parte e com um eco-sistema
totalmente desconhecido por mim. Meu espírito de Felícia de apertar e tocar em
tudo o que eu vejo fica contido pois afinal de contas não esqueço que estou no
lugar com os bichos mais perigosos do planeta e até um peixe (stone fish) ou um
coral podem ser fatal.
Também
tenho me provocado a entrar na água, mesmo ela sendo congelante para o meu
gosto. Se todo mundo entra aqui com a maior naturalidade, porque é que eu não
irei entrar??? Neste quesito eu nem penso muito para não desistir e fico na
água o quanto aguento.
E o
balanço deste primeiro mês é que se eu tivesse que voltar hoje para o Brasil,
já terá valido a pena. E o que vier a mais é puro lucro. Que venham os próximos meses...