Chapada Diamantina –
O que fazer na região
Faz literalmente 2 anos que fui pra Chapada Diamantina e só
agora, motivado pela minha amiga Gisele que está indo pra lá, resolvi escrever
sobre este lugar mágico que está entre os meus Top 5. Top 5 por ser o
superlativo brasileiro e ter tudo em um só local: cachoeiras, deserto, cavernas,
cidades fantasma, cemitério bizantino, pedra preciosa, caatinga, serrado, mata
atlântica, frio, calor... e a cada hora uma nova descoberta na região.
Bem... começando pelo cartão postal da Chapada, a Cachoeira
da Fumaça.
Cachoeira da Fumaça,
Cachoeira do Riachinho (12km)
Vista da Cachoeira da Fumaça |
Sem dúvidas o melhor mirante do local. O cânion de 400m de
altura tem a maior cachoeira do Brasil em queda livre. E essa é a razão da água
virar fumacinha que sobe em direção ao céu.
Depois da trilha, parada para banho na Cachoeira do Riachinho.
Tips: Comer o pastel de jaca na volta da trilha no Vale do
Capão (parece palmito pois é feita com a casca da jaca e não a parte gosmenta)
Capão
Se existe algum lugar zen é o Capão. A moda local é hippie (mas
não é barato, viu?) e a proposta é vender água de coco ou correntinha na rua
(brincadeira). Lá rola uns mega papo cabeça que não é conversa pra boi dormir,
mas não vou nem entrar em discussão aqui, pois não é a proposta.
Tips:
Pizzaria Integral Capão Grande |
-Pizzaria Integral Capão Grande do Suíço. Restaurante mega
sustentável, tem apenas 2 opções de pizza sendo ambas integral e vegetariana: uma
doce e a outra salgada e não se fala mais nisso. O único açúcar por lá é o mel
e tudo é orgânico, até a parede haha. O lugar é super descolado: teto de palha,
mesa de pedra, garrafas de cerveja usados como tijolo, água no filtro São João,
trinco da porta de cano PVC, etc. Não tem talheres (pra quê, né gente?) e tem
um mel delicioso com pimenta pra colocar na pizza ao invés de catchup. Adooooorei.
Vale do Capão ao Vale
do Pati (14km)
Casa dos Nativos |
Essa é a trilha. O Vale do Pati é a maratona do esportista
que tinha como meta percorrer e foi quase isso que encarei o percurso com minha
cunhada corredora. A vista do Vale do
Capão, Serra da Lapinha, morro do Pati, planalto gerais do Vieira, do Rio Preto
e afins é algo fenomenal. O Pati tem desníveis íngremes sobre pedras soltas,
leito do rio, exposição a altura e o único meio de transporte é a mula. Não
pega celular, telefone, hotel, hospital, não tem água quente, e mal e mal um
pouquinho de energia vinda de poucas placas de luz solar.
O lance é ficar na casa dos nativos, últimas famílias
remanescentes da plantação de café, antes do Parque Nacional. A comida é
maravilhosa, super caseira e com uma pitada de Chapada - mamão verde, cactos,
aipim, etc. O que não tem lá tem que ser trazido pela coitada da mula.
Tips: Largar tudo e sair gritando e cantando no planalto
geral do Vieira, igual a Noviça Rebelde.
Vale do Pati: Gruta
do Castelo e Cachoeira dos Funis (12km)
Entrada da Gruta do Castelo |
Subida em uma baita serra da Lapinha com destino a Gruta
enorme de quartzito. Nessa trilha o exercício não é apenas squat mas os membros
superiores se agarrando nas árvores tipo Koala. A trilha me lembrou o Morro do
Baú em Gaspar/SC, a mais difícil em toda a mi há vida, feita com meu pai e o
Quintani. Não sei se os dois se lembram mas tiveram que me empurrar pra cima em
grande parte desta trilha.
Foi muito esforço pra nem ver a casa de kryptonita do Super
Homem. O quartzito é um pó branco que brilha um pouquinho mas sem um “wow
factor”. Final da trilha, um mergulho rejuvenescedor na Cachoeira dos Funis.
Tips:
-Deitar na pedra no Final da Gruta do Castelo e olhar pra
cima vendo os pingos de água caírem de forma desorganizada por causa do vento e
voarem como mosquitos pelo ar pelo Vale do Rio Pati.
-Mentalizar de que não existe cobra pois se bobear, pegará
nela achando que é mais um galho de árvore. By the way, bota é super
recomendado, pois 90% das tentativas de mordidas de cobras são até a canela das
pernas. E se for picado, só uma mula pra te tirar de lá literalmente.
Cachoeirão por Cima
(18km)
O nosso guia - em direção ao Vale do Pati |
Vista de cima do Cachoeirão, foi o meu trecho preferido do
Pati (acho que porque era plano haha). É uma cachoeira num cânion com várias
quedas (quase 20) sendo a maior de 300m. Recomendo pra quem quer vencer o me do
de altura (é verdade que quem tem medo de altura é porque quando vê altura quer
se jogar?).
Do Vale do Pati ao
Guiné (15km)
Cemitério Gótico Bizantino - Igatu |
Caminhada atravessando os Gerais do Rio Preto terminando a
expedição com uma vista da Serra do Esbarrancado no povoado do Guiné. Dormimos
em Mucugê, uma das cidades mais antigas da Chapada, têm uns casarões antigos de
estilo Português e um cemitério Santa Isabel, estilo gótico bizantino,
encravado no pé de serra que merece e muito a visita.
Cachoeira do Buracão
– Igatu (6km)
O nado até o Buracão |
Meu Deus o que é essa cachoeira. Não sei se algum dia vou
ver algo que se compare com essa, e olha que já estou meio rodada, viu? Não
falo da cachoeira em si, mas o jeito que se chega e o desconhecido se
aproximando a cada metro. Pra começar, se atravessa a mata atlântica, cerrado,
caatinga, o escambau, pula-se a ponte e nada-se em um rio estreito cercado por
uma parede de pedras em camadas.
Em direção ao arco-íris 360 graus |
Mas no
final como recompensa, realizei vários desejos neste lugar: descobri que arco-íris
pode ser de 360 graus e eu ainda posso estar no meio! (fique em baixo da
cachoeira às 12h e vc tb o verá), pulei daquelas pedras igual canguru, fiz massagem no dedão do pé até o cabelo (na Cachoeira
das Orquídeas e também hidromassagem na super
banheira natural. Gente, pra que eu preciso de mais? Comer um boi inteiro
depois do passeio, lógico.
Massagem relaxante na Cachoeira das Orquídeas |
Hidromassagem natural |
Igatu, Poço Encantado
e Poço Azul
Poço Encantado |
Igatu: vila com menos de 400 habitantes, com as casas feitas
de blocos de rocha do garimpo de diamante. Alguns chamam inclusive de Machu
Pichu baiano. A vila também foi tombada pelo patrimônio histórico e artístico
brasileiro, dando um ar bucólico e pacato na a região.
Tips: se hospedar na pousada em Igatu – Flor de Açucena. É
quase como uma programação a parte de tão integrada com a natureza e
aconchegante aquele lugar. Tirei foto de cada quina do lugar.
Poço Encantado: um grande espelho mágico é a imensa piscina
natural de água azul turquesa com 60 metros de profundidade, dentro de uma
gruta de calcário. Dá medo só de ver de tão cristalino e inacreditável, pois
não dá pra saber onde começa a água e onde termina sendo que é possível ver até
a pedrinha que fica a 60m de profundidade. Um raio de sol cruza o poço até o
fundo através de uma entrada de luz criando um espectro maravilhoso
principalmente entre os meses de abril e setembro.
Poço Azul |
Poço Azul: um luxo só onde ainda se pode fazer flutuação no
interior da gruta. Também de águas cristalinas, a profundidade é de 20 metros e
dá pra observar as formações rochosas e alguns seres vivos, tipo camarão.
Tips:
-Ir depois das 14h pra ver a incidência da luz solar no poço
azul.
-Não fazer xixi no poço haha.
Gruta da Lapa Doce,
Gruta Azul, Gruta da Pratinha, Rio Pratinho, Pai Inácio (5km)
Iraquara é famosa por seu subsolo de rochas calcárias que
permitiram a formação de grutas e cavernas com formações rochosas raríssimas. O
passeio deste dia foi 5 em um.
Gruta da Lapa Doce: complexo de caverna com 20km mapeados
mas apenas 850m pra visitação. Pra quem gosta de caverna irá adorar esse lugar.
Gruta Azul: logo translucido que ganha tons azulados entre
14h e 15h (abril a setembro). Ela é fechada pra mergulho mas a gruta da pratinha
é aberta, que fica no mesmo complexo.
Gruta da Pratinha |
Gruta da Pratinha: dá pra fazer flutuação na parte interna
da gruta, em um túnel escuro com saída
para um lago com águas cristalinas mais parecido com praia. Tem uma tirolesa de
85m no local e passeios de caiaque pra quem estiver afim.
Morro do Pai Inácio |
Pai Inácio: Atrativo mais clássico da chapada e garantia de
likes no Facebook. São mais de 1000 metros de altura, com 360 graus de uma vista
surreal. E a trilha nem é difícil, viu? Não faz nem cócegas na trilha do Pati.
Lençóis - Parque de
Muritiba – Cachoeirinha da Primavera
Eu e a Jaca |
Lençóis é uma cidade turística, tombada pelo Instituto do
Patrimonio Artistico Nacional, já reinou e muito o coronelismo na época do
garimpo de diamantes no século 19.
Tip:
-Jantar a luz de velas na rua de paralelepípedo. Um charme.
-Em Lençóis fiquei no Espaço Luz Diamantina, uma pousada onde
o casal também faz guia pararapel e escalagem.
Parque de Muritiba – Cachoeira da Primaveira: uma opção
perto da cidade pra fazer em 3 horinhas de passeio.
Cachoeira do Sossego
(14km)
Cachoeira do Sossego |
Caminhada seguindo o leito do Rio Ribeirão até a Cachoeira
do Sossego. Na volta, parada pra banho no Ribeirão de cima e do meio, conhecido
pelo escorrega natural que termina no poço.
Cachoeira do Mosquito
e Poço do Diabo (6km)
Cachoeira do Mosquito |
Mais uma cachoeira linda com piscinas ao redor e banhos em
cima e embaixo da cachoeira.
Última tip da Chapada Diamantina: todos os passeios que fiz
foi através de uma agência local, Nas Alturas. Recomendo pela organização, tranquilidade,
economia de tempo e pelo conforto já que muitos locais não são tão habitáveis
assim.
Ao total foram mais de 100km bem caminhados nos 12 dias que
passei por lá. Vi bastante coisa mas também faltou muita coisa pra ver como: Mini
pantanal do Marimbus, Cachoeira do Calixto, Poço da Prefeitura, Cachoeirão por
Baixo, Andaraí, Cozinha Aberta (2 irmãos), Poço do Diabo, Estrada do Garimpo
(bike), Cachoeira Encantada e o que forem descobrindo durante a vida e quiserem
compartilhar conosco.
. E se eu tivesse que eleger o Oscar da Chapada seria:
-Melhor cachoeira: Buracão
-Melhor sobremesa: geladinho de mangaba em Lençóis
-Pousada mais criativa e sustentável: Flor de Açucena –
Igatú
-Melhor restaurante: Pizzaria Integral Capão Grande
-Melhor mirante: Morro do Pai Inácio empatado com Cachoeira da Fumaça (sorry, fiquei indecisa)
-Banho mais louco: poço encantado
-Maior quebra de paradigma: estar dentro de um arco-iris 360 graus.
-Obs: baseado estritamente na opinião pessoal de quem viu
apenas parte da região.
.
Dedico este post a Wanessa, minha cunhada, que fez a viagem
ser mais rápida, intensa e divertida, compartilhando a dor e as alegrias, e a Gisele, amiga querida que acompanhou
este processo de aventuranças pela vida. Gisele, você vai chapar na Chapada!