Há
algum tempo tenho sonhado que estou em um lugar muito, mas muito alto, porém instável.
Pensa num banco com uma base pequena e pés maiores do que se possa imaginar. E
em cima deste banco, outro do mesmo tamanho, e assim sucessivamente, formando
uma única coluna. No sonho vou “escalando” as cadeiras sobrepostas – com cuidado,
pois a cada minuto tudo pode desmoronar – em direção as nuvens. Três perguntas
me veem no sonho:
1:
como cheguei até a última cadeira empilhada.
2:
como permanecerei aqui pois qualquer respiração feita sinto que as cadeiras
se movem e se desestabilizam e que por
um triz tudo irá desabar.
3:
como irei descer, pois já não me recordo como subi.
Quando
eu escalei as cadeiras, não pensei nas consequências. Apenas agi. E agora tenho
que lidar com a insegurança que atingiu o meu ser de que a qualquer momento
tudo pode cair por terra. Estou nas nuvens e nessa hora olho para a o chão que
está muito, mas muito distante, e as cadeiras se mexem como se eu estivesse em
um slackline.
Lembro-me
de quando tinha 17 anos e meu pai me levando para prestar a prova de vestibular.
Reparando no meu nervosismo fala “Não tenha medo de escalar. Todo mundo pode
cair, mas se cair, do chão não passa”.
Não
entendo de sonhos mas se eu olhar a vida que estou levando hoje, uma grande
mudança ocorreu e não estou na minha zona de conforto. Novamente me reinventei.
Realizei um desejo adolescente vindo para a Australia, que parecia ser inalcançável
e “cheguei até a minha nuvem particular”.
Estou
muito feliz por estar aqui mas me sentindo extremamente insegura, limitada e
com nada palpável. Vivendo a vida na corda bamba e com um monte de dúvidas
sobre o meu futuro, pois não sei o que será de mim nos próximos meses ou anos.
Mas
esta é a graça da vida. E o meu exercício diário tem sido viver um dia de cada
vez: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas
próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”. (Mateus 6:34).